Política

Datafolha: Marçal cresce e empata com Boulos e Nunes na disputa pela prefeitura de São Paulo

Ex-coach avançou sete pontos percentuais em relação aos 14% que marcava há duas semanas, enquanto atual prefeito teve variação negativa de quatro pontos e psolista oscilou um ponto para cima

Agência O Globo - 23/08/2024
Datafolha: Marçal cresce e empata com Boulos e Nunes na disputa pela prefeitura de São Paulo
Datafolha: Marçal cresce e empata com Boulos e Nunes na disputa pela prefeitura de São Paulo - Foto: Reprodução

Em São Paulo, a pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra o avanço do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que agora empata tecnicamente na liderança com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB). O candidato do PSOL tem 23% das intenções de voto, enquanto o empresário soma 21%. Já o atual prefeito é superado numericamente pela dupla e aparece com 19% das menções. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou menos.

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Marçal avançou sete pontos percentuais em relação aos 14% que marcava há duas semanas. Nunes teve variação negativa de quatro pontos, enquanto Boulos oscilou um ponto para cima. Os líderes da corrida eleitoral são seguidos à distância por José Luiz Datena (PSDB), com 10%; Tabata Amaral (PSB), com 8%; e Marina Helena (Novo), que tem 4%.

Disputando espaço com Nunes entre o eleitorado mais à direita, Marçal teve crescimento alavancado justamente por segmentos que no começo do mês mostravam predileção pelo atual prefeito. O candidato do PRTB era escolhido por 29% dos eleitores que votaram em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, e agora concentra 44% das menções no grupo — tornando-se o líder entre os bolsonaristas, embora o ex-presidente apoie a reeleição de Nunes. O atual prefeito oscilou de 38% para 30% no segmento. Marçal também surge forte entre os eleitores do govenador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Marçal também se destaca na escolha do eleitorado masculino (tem 28% das menções nesse estrato) e dos evangélicos (30%). Em ambos os núcleos, que desde 2018 têm se mostrado simpáticos ao bolsonarismo, o candidato do PRTB supera as taxas do prefeito Ricardo Nunes (de 18% e 22%, respectivamente).

Ontem houve uma troca de farpas no Instagram. Bolsonaro (PL) reforçou que não apoia Marçal. O candidato do PRTB havia comentado uma publicação de Bolsonaro: “Pra cima, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós”. O ex-presidente respondeu estranhando a proximidade: “Nós? Um abraço”. Marçal, então, pediu a devolução de dinheiro doado.

Nunes ‘contra a parede’

No entorno do ex-coach, o crescimento é atribuído à sua postura nos debates entre os candidatos, oportunidades em que Marçal se valeu da virulência e do deboche para atacar adversários e produzir cortes para viralizar nas redes sociais. A leitura de aliados é a de que o empresário colocou Nunes “contra a parede”, forçando o emedebista a mudar de estratégia e entrar em uma disputa ideológica para a qual não se preparou.

Já o prefeito, que em nota disse receber os resultados “com serenidade”, vinha até aqui apostando em destacar entregas de sua gestão e mirando sua artilharia especialmente para Boulos. O emedebista, que já foi alvo de críticas de bolsonaristas por não reagir a Marçal, espera que a presença mais constante do ex-presidente na campanha possa frear a ascensão do empresário.

Não bastasse o avanço de Marçal, Nunes também viu a avaliação de sua gestão ter oscilação negativa. Os que aprovam o trabalho do prefeito passaram de 26% para 25%, enquanto os que reprovam a atuação de Nunes variaram de 22% para 25%. Outros 48% classificam a gestão do emedebista como “regular”.

Avaliação do governo Nunes

Os líderes da corrida eleitoral são seguidos à distância por José Luiz Datena (PSDB), com 10%; Tabata Amaral (PSB), com 8%; e Marina Helena (Novo), que tem 4%. Considerando a margem de erro, os três estão tecnicamente empatados.

Na fatia do eleitorado que ganha até dois salários mínimos por mês, Nunes e Datena variaram para baixo, enquanto Marçal e Boulos se movimentaram no sentido oposto. O ex-coach passou de 11% para 18% das intenções de voto nesse grupo, que representa cerca de um terço dos paulistanos aptos a votar. Boulos tinha 14% das menções e agora aparece também com 18%. Nunes liderava com 24% das escolhas dos mais pobres, e agora soma os mesmos 18% de seus adversários. Já Datena passou de 18% das menções para 15%.

Estreante em eleições, o tucano teve pouco destaque nos debates e começou a campanha em marcha lenta. Datena disse que “não contesta” pesquisas. “Elas refletem a vontade do povo nesse momento. Vamos em frente e trabalhar ainda mais”, declarou, em nota.

Já Tabata, que vem fazendo esforços para apresentar sua trajetória como parlamentar e se mostrar uma candidata propositiva, disse avaliar os resultados como “positivos”.

Duelo de rejeições

Se de um lado a alta exposição de Marçal rendeu a ele o maior crescimento, por outro o empresário também viu sua rejeição variar para cima, passando de 30% para 34%. O candidato empata nesse quesito com Boulos (que foi de 35% para 37%) e Datena (que oscilou de 31% para 32%). São 25% os que dizem não votar de jeito nenhum em Nunes, taxa que era de 24%.

Rejeição

Boulos celebrou os resultados da pesquisa e se disse confiante de que “vencerá o bolsonarismo”. O candidato do PSOL vinha buscando polarizar com Nunes, mas sua campanha já está alerta para a possibilidade de mirar em Marçal caso o ex-coach se consolide como principal adversário. Boulos tem tentado afastar a pecha de “radical” e espera assegurar uma vaga no segundo turno colando sua imagem na do presidente Lula (PT), que virá hoje a São Paulo e fará sua estreia na campanha paulistana amanhã.

De negativo para o psolista, o Datafolha trouxe a indicação de que Boulos não avançou na simulação de um eventual segundo turno contra Nunes. O atual prefeito venceria hoje essa disputa por 47% a 38% — outros 13% disseram preferir votar em branco ou nulo. Na sondagem anterior, o placar havia sido de 49% a 38% a favor do emedebista.

O instituto entrevistou 1.204 eleitores entre terça e quinta-feira. Contratada pela TV Globo junto ao jornal “Folha de S.Paulo”, a pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o número SP-08344/2024.

(Colaboraram Samuel Lima, Hyndara Freitas, Matheus de Souza e Guilherme Queiroz)