Política
Marçal posta direito de resposta de Boulos, que volta a acionar TRE-SP por atraso e capa preta para 'limitar o alcance'
Psolista 'ocupa' redes do ex-coach e diz que as filhas foram hostilizadas na escola depois de ataques do rival
Após determinação unânime da Justiça Eleitoral de São Paulo, o candidato a prefeito Pablo Marçal (PRTB) publicou em suas redes sociais um vídeo de direito de resposta do concorrente Guilherme Boulos (PSOL) por associá-lo, sem provas, ao uso de cocaína. Com 6,9 milhões de visualizações até a noite desta terça-feira, o material mostra o deputado federal se defendendo das acusações, que define como uma “invenção absurda”. Além da publicação, a defesa do psolista voltou a acionar o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por entender que a postagem foi veiculada com um atraso de 11 horas e exibindo uma capa de fundo preto no feed de Marçal, o que diminuiria, segundo os advogados, o alcance da mensagem.
No vídeo, intitulado “ocupando as redes de Marçal”, Boulos conta que suas duas filhas foram hostilizadas na escola devido ao ataque propagado contra ele, e que mesmo entendendo o contexto de embate das campanhas eleitorais “mexer com a honra e a família das pessoas não se faz”.
A ofensiva de Marçal contra o candidato do PSOL começou a partir dos recortes dos debates realizados pela TV Bandeirantes, no dia 8, e pelo jornal O Estado de São Paulo, no dia 14. Em um deles, o empresário chama Boulos de “aspirador de pó”. Em outro, faz gestos passando o dedo no nariz ao se dirigir ao parlamentar.
À Justiça, Marçal chegou a afirmar que, no primeiro caso, a expressão significava “aquela pessoa que atrai lixo para si”. Nos outros, disse que fez críticas respeitando os limites da liberdade de expressão. O Ministério Público Eleitoral pediu a condenação nos três casos.
“Todo mundo sabe que essa é uma acusação absolutamente mentirosa, desrespeitosa. Agora, infelizmente, tem gente que ganha a vida com isso. Não seria muito melhor tentar atrair a atenção das pessoas com proposta em vez de mentira e ataque?”, disse Boulos no vídeo de resposta.
Em outro trecho do material, que ganhou as redes do ex-coach no início desta madrugada, pouco depois da meia-noite, Boulos rebate que “não pode confundir liberdade de expressão com liberdade para cometer crimes” e que “as acusações de Pablo Marçal são de quem age de má-fé”.
A defesa de Boulos, contudo, alega que a medida foi cumprida com irregularidades. Foram apontados um atraso de cerca de 11 horas para publicação do vídeo, por supostamente estarem “aguardando o momento em que as publicações teriam menos alcance”, e o uso de uma capa preta na postagem, o que diminuiria o engajamento.
Ainda nesta terça-feira (3), outra decisão por unanimidade do TRE-SP voltou a reconhecer o “caráter ofensivo” das postagens realizadas por Pablo Marçal em suas redes sociais, e manteve mais dois direitos de resposta a Boulos. Cabe recurso.
Segundo o relator de um dos processos, desembargador Cotrim Guimarães, “as imputações extrapolam os limites da liberdade de expressão e do debate político, configurando unicamente ofensas à honra do candidato recorrido.” O magistrado manteve o direito de resposta e negou o recurso de Pablo Marçal. Em relação à divulgação da resposta, o Tribunal determinou que fosse pelo dobro do tempo em que estiveram disponíveis os conteúdos ofensivos.
Autorizações semelhantes já tinham sido concedidas, nas últimas semanas, a favor de Boulos, por decisão de juízes eleitorais. As medidas, contudo, permaneciam suspensas enquanto a Corte paulista avaliava recursos de Marçal, que argumentava que o conteúdo que o adversário pretendia veicular era “desproporcional”.
(*estagiário sob supervisão de Luã Marinatto)
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