Política

Datafolha São Paulo: Boulos (23%), Marçal (22%) e Nunes (22%) mantêm empate na liderança

Levantamento mostra estagnação do ex-coach, após crescimento nas últimas semanas. No segundo pelotão, Tabata (9%) passou numericamente à frente de Datena (7%)

Agência O Globo - 05/09/2024
Datafolha São Paulo: Boulos (23%), Marçal (22%) e Nunes (22%) mantêm empate na liderança

Nova pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira indica que a corrida eleitoral em São Paulo permanece com um tríplice empate na liderança. O candidato do PSOL, Guilherme Boulos, aparece numericamente à frente, com 23%, seguido por Pablo Marçal (PRTB), com 22%, e Ricardo Nunes (MDB), que tem 22%. A margem de erro é estimada em três pontos percentuais para mais ou menos.

Boulos se manteve com o mesmo percentual de intenções de voto do levantamento anterior, divulgado em 22 de agosto. Marçal, que vinha crescendo nas últimas semanas, desta vez variou só um ponto para cima frente aos 21% que detinha no fim de agosto, enquanto o atual prefeito oscilou positivamente três pontos em relação aos 19% que marcava antes do início oficial da propaganda eleitoral no rádio e na TV.

Abaixo do trio agora aparece a deputada federal Tabata Amaral (PSB), que numericamente passou à frente de José Luiz Datena (PSDB), embora ambos permaneçam tecnicamente empatados. Tabata passou de 8% para 9% em duas semanas. Já o tucano oscilou de 10% para 7%. A candidata do Novo, Marina Helena, tem 3% das menções (eram 4% no levantamento anterior).

Os candidatos Ricardo Senese (UP) e Beto Haddad (DC) somaram 1% das intenções de voto cada um. João Pimenta (PCO) e Altino (PSTU) não pontuaram. O percentual de eleitores que declaram a intenção de votar em branco ou nulo se manteve em 8%, enquanto os indecisos permanecem em 4%.

Os resultados indicam para as campanhas o saldo dos primeiros dias de propaganda eleitoral, que começou a ser veiculada na última sexta-feira. Candidato com mais espaço no horário eleitoral, Nunes tem se valido da exposição na TV para apresentar seu histórico e destacar marcas de sua gestão, ao mesmo tempo em que concentra ataques a Marçal em inserções reproduzidas no rádio.

O emedebista tem feito uma guinada à direita para atrair parte do eleitorado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que opta pelo voto no ex-coach. A estratégia, porém, tem surtido pouco efeito até aqui: segundo o Datafolha, 48% dos eleitores que dizem ter votado em Bolsonaro em 2022 apoiam o ex-coach (eram 44% na sondagem anterior), enquanto Nunes é escolhido por 31% desse segmento (um ponto a mais que há duas semanas).

O candidato à reeleição havia oscilado quatro pontos para baixo entre a primeira e a terceira semana de agosto, e agora sua campanha ganhou um respiro com a variação positiva — aliados vinham criticando a estratégia de comunicação de Nunes. O prefeito teve um salto importante junto aos eleitores mais pobres, que correspondem a cerca de um terço do eleitorado, passando de 18% para 28% das menções do grupo. Nesse estrato, que vive com renda domiciliar mensal de até dois salários mínimos, Boulos é escolhido por 19%, enquanto Marçal é a opção de 17%.

A artilharia de Nunes e dos demais candidatos contra Marçal, único entre os cinco postulantes a prefeito mais bem colocados que não tem direito a tempo no horário eleitoral, conseguiu não só frear o ritmo de crescimento do ex-coach, mas também fazer a rejeição ao seu nome variar para cima. São 38% os que dizem "não votar de jeito nenhum" no candidato do PRTB, taxa que era de 34% há duas semanas. O segundo mais rejeitado na disputa é Boulos, que manteve o índice de 37%, o mesmo do levantamento anterior.

Marçal, que há um mês era escolhido por 14% dos eleitores, explora as redes sociais para se apresentar como um empresário bem-sucedido e que se diferencia dos políticos tradicionais. O candidato dispara ataques contra todos seus adversários, como fez no debate realizado no último domingo, e consegue fisgar parte do público bolsonarista que não vê identificação ideológica com Nunes. A estratégia, segundo indica o Datafolha, vem dando certo:

Boulos, por sua vez, navega tranquilo até aqui no campo da esquerda. O candidato tem adaptado seu discurso para amenizar a imagem de “radical” que adversários tentam colar nele. A campanha do psolista tem explorado a presença da candidata a vice, Marta Suplicy (PT), e o apoio do presidente Lula para reter a preferência dos eleitores mais identificados com o petismo. De acordo com a nova pesquisa, porém, não houve avanços nesse campo. Boulos era escolhido por 44% dos eleitores que votaram em Lula no segundo turno de 2022, taxa que agora variou para 43%.

Tabata, agora à frente de Datena, redesenhou sua campanha e até o próprio figurino para se apresentar como a opção mais combativa, explorando uma série de denúncias contra Marçal tanto nas redes sociais quanto na Justiça Eleitoral. Já o tucano vem apostando no discurso antipolarização, dizendo-se independente de Lula e Bolsonaro, mas não tem conseguido empolgar os eleitores apesar do prestígio conquistado em décadas como apresentador de televisão.

O Datafolha entrevistou presencialmente 1.204 eleitores de São Paulo entre terça e quinta-feira. A margem de erro máxima é de três pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%. Contratada pela TV Globo junto ao jornal “Folha de S.Paulo”, a pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o número SP-03608/2024.