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Mascar gengibre, jogar tranca, mastigar 60 vezes a cada garfada e comer em silêncio total: as manias de Cid Moreira

Conheça outras obsessões do locutor, tema do documentário 'Boa noite', de Clarice Saliby

Agência O Globo - 03/10/2024
Mascar gengibre, jogar tranca, mastigar 60 vezes a cada garfada e comer em silêncio total: as manias de Cid Moreira
Mascar gengibre, jogar tranca, mastigar 60 vezes a cada garfada e comer em silêncio total: as manias de Cid Moreira - Foto: Reprodução

Cid Moreira anotava absolutamente tudo que fazia diariamente em uma agenda. Diretora do documentário "Boa noite", que traça o perfil profissional e também o pessoal do comunicador, Clarice Saliby teve acesso a pelo menos 15 cadernos em que Moreira narrava cada passo de seu dia.

Relembre:

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- Era com nível de detalhe tipo: "Acordei 7h da manhã, fui ao banheiro duas vezes de madrugada, comi morando e granola com iogurte no café da manhã, fulano me ligou e ficamos 45 minutos conversando" - conta a cineasta, que investiu anos em um estudo que resultou num raio-x do lado humano do locutor por trás da persona midiática.

Moreira era repleto de manias. Colecionava relógios, gravatas e aparelhos de escovar os dentes, livros sobre alimentação, saúde e exercícios. A relação com a atividade física era uma coisa muito séria em sua vida. Beirava a obsessão. Praticava caminhada na esteira e pilates diariamente. Monitorava de perto do peso dos amigos.

Mastigar 60 vezes a cada garfada era outra prática que levava à risca. Aliás, ai de quem falasse enquanto Cid fazia suas refeições.

- Tinha que ser um silêncio sepulcral. Ele execrava qualquer pessoa que falasse com ele neste momento. Não marcava nada enquanto estava comendo. Se tivesse um almoço de negócios, dizia que a pessoa teria que esperar ele terminar porque precisava mastigar 60 vezes a cada garfada antes de engolir - conta Saliby.

O gengibre era um fiel companheiro do comunicador. Ele tinha a raiz ("é bom para a voz", dizia), espalhada por toda a casa. Vivia com pedacinhos na boca, que colocava do cantinho na bochecha quando falava com alguém.

Jogar tranca todo os dias era uma diversão.

Já a prática da locução por duas horas diárias, uma dedicação profissional. No programa de áudio de computador Pro Tools, lia poesias de Fernando Pessoa.

- Era muito disciplinado, tanto que com 90 e tantos anos, não parou de se aprimorar até o fim da vida.

Uma curiosidade: quando Saliby perguntou se Moreira, que gravou discos recitando passagens da Bíblia, ele respondeu: "Claro que não. Porque não pode trabalhar no fim de semana. Já pensou, eu sem trabalhar no sábado?".

- A relação mais religiosa dele era com o trabalho, sua verdadeira religião.