O apresentador Cid Moreira, que em Petrópolis, está sendo velado no Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. A viúva Fátima Sampaio Moreira, com quem Cid esteve casado por mais de 20 anos, conversou com a imprensa rapidamente e ressaltou os momentos de diversão que viveram.

– Estou num estado esquisito, meio fora de mim, em outra dimensão. Quero viver o meu luto profundamente, quero me despedir. O que eu vivi com ele foi fantástico, quase 25 anos, não é brinquedo, né? – disse a jornalista. – Dei sorte de casar com um moço novinho, mais novinho que eu. Divertido, ele tinha um humor muito particular, a gente se divertia, ele brincava porque a gente já casou mais tarde. Eu com 35, ele com 72. Ele falava: “vamos brincar de casinha?” E foi isso que eu fiz esses anos, viu? Eu brinquei de casinha com o Cid. Me diverti. A gente ria das diferenças. O Cid era uma boa pessoa, um cara íntegro, um cara adicto no trabalho, isso é muito bacana. Ele foi meu mestre, às vezes meu aluno, e eu sou muito grata pelo tempo com ele.

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Cid Moreira na banheira:

Fátima, que durante o velório pediu que os presentes rezassem a oração de São Francisco de Assis, a favorita de Cid – e foi acompanhada pelo saxofonista –, contou também sobre os momentos finais com o marido.

– Eu passei a noite de mãozinha dada com ele, porque ele estava ficando estranho, estava com medo, ele não queria que, ele falou assim pra mim: “deixa eu ir embora, deixa eu ir embora, só você que tá me segurando aqui”. Eu falei: “eu vou segurar até o último fio de cabelo”. Esse é o meu trabalho, agora o de Deus é dizer quando é a hora. E eu soltei a mãozinha dele um pouquinho, porque como eu passei a noite toda, até a manhã, do lado dele, eu fui lavar o rosto para acordar, eu virei para ir lavar a mão, para ir no banheiro, ele foi. Ele foi embora. E não era santo, era um homem como nós, como você, tinha suas belezas, as suas contradições, mas era uma pessoa correta.

Às 10h20, quando o público começou a entrar, um saxofonista tocou “My way”, de Frank Sinatra. Atrás do caixão, diversas coroas de colegas do jornalismo da TV Globo, homenageavam o âncora, que apresentou o Jornal Nacional da estreia, em 1969, até 1996. A jornalista e apresentadora Fátima Bernardes foi a primeira celebridade a chegar.

Na tarde de ontem, Cid foi velado em Petrópolis, cidade onde mantinha uma casa e onde morreu no hospital Santa Teresa, por causa de falência múltipla dos órgãos. Depois da cerimônia de despedida no Rio, Cid segue para ser enterrado em Taubaté, no interior de São Paulo, onde nasceu. Era desejo dele ter um túmulo ao lado da primeira mulher, Nelcy, da filha, Jaciara, e do neto, Alexandre.