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A Pedra circular

Rostand Lanverly 28/10/2024
A Pedra circular
Rostand Lanverly - Foto: Arquivo/Facebook

Outro dia visitando o interior alagoano, encantei-me ao deparar com imensa pedra em formato circular, fixada em base sólida, ensejando que outrora, puxada por animais, girava em torno de eixo central, lentamente triturando a mandioca disposta em sua rota, liberando a polpa e separando os resíduos indesejados.

Em minha infância, em fazenda de ancestrais lá no Seridó potiguar, acostumei-me a apreciar o ranger característico, gerado por um desses apetrechos hoje artesanais, e portanto, meu raciocínio voltou no tempo e lembrei como permanecia por horas ali parado, somente apreciando o funcionar quase cirúrgico de tal geringonça.

Aquela visão em minha inocência, representava a pura expressão da perfeição, por possuir formato simples e contínuo, exibindo a harmonia completa da natureza, uma estrutura que não exigia explicações nem reparos.

E então na atualidade, ao contemplá-la novamente, fui levado a refletir sobre a forma como a vida deve ser exercida: fluída, sem rupturas definitivas, e sempre em movimentos harmoniosos, como o próprio ciclo da pedra, que com certeza foi esculpida ao longo de incontáveis anos, pela ação da água e do vento, deixando explicito que a excelência não está em evitar falhas ou erros, mas em aceitar a continuidade e evolução natural das coisas, assim percebendo ser a existência humana moldada pelas experiências que o tempo transforma.

O círculo, a mais espetacular das formas geométricas, é exemplo profundo para a vida do homem, pois sem início nem fim, simboliza a eternidade, a perene luta pela transformação que marca a existência, servindo como lembrete de que viver não se define por uma linha reta ou único ponto de chegada, mas por fluxo constante de aprendizados, desafios e renovações.

Deixei o local, convencido ser aquela peça rochosa, com seu primor, capaz de oferecer a profunda lição de que estar vivo, não é corrida para atingir objetivos, mas jornada contínua de descobertas e crescimento, onde o começo e térmico se fundem em um mesmo ponto de renovação.