Internacional
Realidade ou sonho distante? Exército Brasileiro discute produção de obuseiro nacional
Em um workshop realizado em São Paulo, o Exército Brasileiro reuniu empresas nacionais que possam estar interessadas em produzir obuseiros. Para analistas, agravamento da instabilidade no cenário internacional e política de sanções tornam a nacionalização
De acordo com a revista Tecnologia e Defesa, o evento realizado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), através da Diretoria de Fabricação (DF), busca apresentar o projeto de produção de obuseiros no país, dentro do contexto do sistema de fabricação do Exército Brasileiro; discutir alternativas reais para a produção desse sistema de armas no país e identificar empresas nacionais que possam se tornar parceiras e participarem do processo.
A iniciativa de aproximação entre o governo e o setor privado é vista com bons olhos pelo doutor em ciência politica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e presidente do Instituto Sul-Americano de Política e Estratégia (ISAPE), Fabrício Ávila, que afirma que a produção nacional de armamentos é importante por uma série de motivos, por exemplo:
Outra vantagem, também, seria o aproveitamento do desenvolvimento de determinadas expertises no âmbito da sociedade civil.
Em quais problemas o Brasil esbarra para avançar com o tema?
Por outro lado, para avançar nesse aspecto, o Brasil esbarra em problemas de infraestrutura e tecnologia.
"A grande dificuldade do Brasil será remontar o corpo técnico e ter o escopo dos projetos nacionais que existiram na década de 1980, como foi a antiga Engesa [Engenheiros Especializados S.A.]", pondera Ávila.
Entretanto, para solucionar esse problema, o analista considera que o workshop poderia ser um condutor para "aproximar as indústrias automobilísticas e de siderurgia do Instituto Militar de Engenharia (IME)", a fim de começar o núcleo de projetos viáveis em curto prazo.
Rezende, por sua vez, considera a ausência de tecnologia como fator que pode atrapalhar a desenvoltura de um obuseiro totalmente nacional em um primeiro momento.
"Um obuseiro não é só o tubo. O tubo já é problemático porque nós não temos o conhecimento tecnológico em metalurgia necessário para isso". Dessa forma, segundo ele, seria impossível, neste momento, falar em um obuseiro 100% brasileiro. "Precisaríamos conseguir parceiros estrangeiros que topassem nos transferir essa tecnologia", acrescenta.
'Obuseiro nacional pode representar uma possibilidade de salvação para a Avibras'
Segundo Ávila, citando o The Military Balance 2024, o Exército Brasileiro possui 109 unidades de Artilharia Autopropulsada dentro de uma necessidade mínima de suporte em três Regimentos de Artilharia Autopropulsada.
Como desde o final da Primeira Guerra Mundial, os exércitos se movimentam a partir de caminhões e a mecanização é uma realidade das forças terrestres que deve perdurar mesmo com a digitalização dos armamentos, há a possibilidade de parcerias que podem ser benéficas, sobretudo para a Avibras, considera o analista.
Nesse sentido, o especialista destaca que, como temos várias fábricas de caminhões civis, elas "poderiam fornecer a base para os canhões de 155mm que poderiam vir da Avibras. Seria um projeto viável que poderia ser um avanço para a Artilharia do Brasil", destaca.
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