Internacional

ONU aprova cúpula para criar Estado palestino com oposição dos EUA

A Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, nesta terça-feira (3), uma resolução que prevê a realização de uma Conferência Internacional com a presença de chefes de Estado para discutir a criação do Estado palestino.

04/12/2024
ONU aprova cúpula para criar Estado palestino com oposição dos EUA
Foto: © Twitter / @UN

A resolução pelo Senegal exige que Israel se retire dos territórios palestinos ocupados desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental, considerada pelo direito internacional como capital de um futuro Estado palestino.

A cúpula foi marcada para os dias 2 a 4 de julho de 2025, em Nova York. Ao todo, 157 nações votaram a favor da resolução, incluindo o Brasil, oito votos contrários e sete abstenções: EUA, Israel, Argentina, Hungria, Micronésia, Nauru, Palau e Papua Nova Guiné.

Os países que abstiveram os representantes de Camarões, República Tcheca, Geórgia, Equador, Paraguai, Ucrânia e Uruguai.

"A Conferência adotará um documento final orientado para a ação intitulado ‘Resolução pacífica da questão da Palestina e implementação da solução de dois Estados’ para traçar urgentemente uma trajetória irreversível rumo à resolução pacífica da questão da Palestina e à implementação da solução de dois Estados", afirma o documento.

O documento pede também que Israel cumpra suas obrigações com o direito internacional, como o parecer consultivo da Corte Internacional de Justiça (CIJ) da ONU de 19 de julho de 2024 que pede para "pôr fim à sua presença ilegal no Território Palestino Ocupado o mais rapidamente possível e cessar imediatamente qualquer nova atividade de colonato e evacuar todos os colonos do território ocupado, território palestino".

Estima-se que existam atualmente mais de 700 mil colonos judeus nos territórios palestinos da Cisjordânia, ocupação essa considerada ilegal pelo direito internacional.

A resolução ainda exige o fim das medidas de discriminação contra o povo palestino nos territórios ocupados e rejeita "qualquer tentativa de efetuar alterações demográficas ou territoriais na Faixa de Gaza, incluindo qualquer ação que reduza o território de Gaza, e sublinha que a Faixa de Gaza constitui parte integrante do território palestiniano ocupado".

Organizações de direitos humanos e entidades palestinas têm denunciado que Israel realiza uma limpeza étnica no norte de Gaza com suposto objetivo de anexar esse território. As Forças Armadas de Israel alegam, por sua vez, que apenas deslocam os civis para realizar operações militares contra o Hamas.

A resolução ainda pede o cumprimento da resolução 194 de 1948, reconhecendo o direito dos cerca de 750 mil palestinos deslocados após a criação do Estado de Israel, episódio conhecido como Nakba, que significa "catástrofe", em árabe.

O representante da Palestina na ONU, o embaixador Riyad Mansour, enfatizou que a "ocupação ilegal” e "ideologias supremacistas" devem acabar.

"A solidariedade com o povo palestino deve ser traduzida nesta ação decisiva para defender o direito internacional. O plano do governo israelense é óbvio — destruir e deslocar o povo para anexar a terra", afirmou o observador permanente da Palestina na ONU.

O representante de Israel na ONU, embaixador Danny Danon, disse que a resolução é baseada em um "desrespeito imprudente pela verdade".

Por Sputinik Brasil