Na tarde desta quinta-feira (09) mais de cem famílias de agricultores rurais do sítio Amaro, em Palmeira dos Índios se reuniram para buscar apoio e informações sobre algo que anda tirando o sono de milhares de pequenos produtores da região. Eles lutam contra a possibilidade de perderem suas terras caso haja a homologação de uma área já demarcada pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), desde 2010.

O que muitos desconhecem é que 90% das propriedades são registradas e pertencem a pequenos agricultores que herdaram de seus pais, avós e bisavós ao longo de várias décadas. “Desalojar um universo de quase 10 mil pessoas não só irá criar conflitos na região, como causar problema social e econômico irreversível para o município e todo estado, já que as terras são produtivas e voltadas a agricultura diversificada e pequenas criações de animais”, explicou o presidente estadual do Solidariedade, o advogado Adeilson Bezerra, que esteve presente ao encontro desta quinta-feira.

"Sou nascido e criado na Serra da Boa Vista. Então, diante da desinformação sobre o problema pela população e pelas autoridades políticas achei necessário mostrar o lado dos pequenos produtores que temem perderem suas casas, pequenos negócios, ou seja seu meio de sobrevivência por meio do cultivo da terra e da venda dos seus produtos”, ressalta Bezerra. Segundo ele, o presidente Lula e a bancada federal alagoana precisam saber que não se trata de grandes fazendeiros, mas de proprietários de poucos hectares e tarefas de terras.

Para o presidente da Associação Comunitária dos Produtores Rurais da Serra do Amaro, Antônio Marcos - o Marquinhos é preciso que todos os envolvidos se mobilizem presencialmente e virtualmente pela internet, que busquem apoio da população e dos gestores municipais, estaduais e federais. “Nossa luta não é contra os povos indígenas Xucurus Kariri. Não temos nada contra eles. Ao contrário temos muito respeito. Nossa luta é para não ficarmos sem nosso sustento. Se for necessário iremos a Brasília explica nossa situação”, esclarece Marquinhos.

Há mais de 50 anos morando com os familiares (filhos, pais, netos, sobrinhos) no Sítio Amaro, a agricultora Helena Almeida diz está muito aflita com ameaça de perder o meio de subsistência da sua família. “Para onde vamos? Viveremos do que? Sobrevimos do plantio graviola, macaxeira, batata, feijão em pequenas propriedades. É uma vida dura. Mas, se a homologação acontecer vamos passar fome. Além disso, não conseguimos há mais de 10 anos acesso ao crédito rural, por causa da demarcação da área”, lamenta Helena.

A reunião contou ainda com a presença de lideranças da região, como a presidente da Associação da Serra da Boa Vista, Jacicleide dos Santos e do vereador, Lúcio Medeiros. Além da Socióloga Danúbia Barbosa que sugeriu um movimento de sensibilização para mostrar que os agricultores tem direito as terras, já que estão há muitos anos no local demarcado pela Funai. “Comprar uma briga desnecessária com não vale apena. O objetivo é conscientizar a população sobre a realidade dos pequenos agricultores da região”, diz.

SEAGRI

Essa semana, Adeilson Bezerra conversou com a secretária de estado da Agricultura e Pecuária, Aline Rodrigues e com o secretário executivo de Agricultura Familiar, Ronaldo Targino sobre o fortalecimento da agricultura familiar em Palmeira dos Índios para os pequenos produtores da região. Segundo ele, os agricultores palmeirenses possuem a assistência do estado, por meio de projetos desenvolvidos pela Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (Seagri) para o cultivo e a criação de animais. “Nossa vontade é manter e ampliar esse apoio devido a importância da produção local para Alagoas”, enfatiza Bezerra.¬

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