O advogado Adeilson Bezerra, líder dos pequenos produtores rurais de Palmeira dos Índios, voltou a contestar a demarcação das terras Xukuru-Kariri e, desta vez, levantou suspeitas sobre o envolvimento da empresa Ambipar, que assinou um protocolo de interesse com o Ministério dos Povos Indígenas.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Bezerra destacou que a Ambipar já foi multada pelo Ibama em mais de R$ 22 milhões por não cumprir a implementação do Programa de Monitoramento Ambiental em Regiões Marítimas. Ainda assim, a empresa foi considerada apta pelo ministério liderado por Sônia Guajajara para atuar em projetos ambientais relacionados a terras indígenas.

Ligação da Ambipar com a Demarcação das Terras Indígenas

O advogado apontou que o protocolo assinado pela empresa permite que a Ambipar implemente ações em cerca de 14% do território nacional, o que poderia incluir um terço das terras de Palmeira dos Índios. Para ele, isso coloca em risco os agricultores familiares, que já enfrentam a ameaça de expulsão de suas terras caso a homologação seja oficializada.

“É preciso estarmos atentos para que não sejam entregues terras de Palmeira dos Índios a terceiros com interesses alheios à nossa realidade”, alertou Bezerra.

A Polêmica Presença de Grandes Investidores na Empresa

Outro ponto que gerou indignação foi a revelação de que a Ambipar tem entre seus principais acionistas a ex-modelo Gisele Bündchen e uma administradora de títulos e valores mobiliários. Para o advogado, isso aumenta as dúvidas sobre os verdadeiros interesses por trás da demarcação das terras Xukuru-Kariri, que, segundo ele, pode ser um pretexto para entregar áreas da região a uma multinacional.

“O maior espanto é saber que a homologação das terras indígenas em Palmeira, além de expulsar mais de 10 mil agricultores familiares, abre brecha para entregar esse território a uma multinacional”, criticou.

Movimento dos Pequenos Produtores Segue Mobilizado

Os pequenos produtores rurais de Palmeira dos Índios têm intensificado a mobilização contra a homologação das terras indígenas. Além da denúncia de Bezerra, o grupo vem pressionando autoridades para que o processo seja revisto e que os agricultores não sejam prejudicados.

A polêmica segue dividindo opiniões no município e gerando debates sobre os impactos da demarcação para a economia local e para os agricultores que dependem da terra para sobreviver. O caso deve continuar sendo acompanhado por entidades do setor agrário e pelo próprio Ministério Público.

O Tribuna do Sertão seguirá acompanhando os desdobramentos da questão e ouvindo todos os lados envolvidos no impasse.