Cidades
Indígenas Pankararó e Xukuru Kariri ocupam fazenda em Penedo alegando indicação espiritual

A ocupação da Fazenda Santa Amélia, em Penedo, por indígenas das etnias Pankararó e Xukuru Kariri, vindos de Palmeira dos Índios, gerou repercussão neste final de semana. Segundo os líderes do grupo, a decisão de ocupar a área se deu por orientação espiritual, após um ritual no qual a flecha e a lança sagrada indicaram a região como um território a ser retomado.
A ação pegou de surpresa os funcionários da fazenda, que presenciaram a chegada dos indígenas, entre eles 50 crianças e 35 adultos, que armaram barracas na área de mata da propriedade. Em entrevistas a programas de rádio locais, os indígenas relataram que já vivem há oito anos na cidade de Penedo, em condições precárias, e decidiram tomar posse do terreno para garantir a preservação de suas tradições e costumes.
Líder indígena defende ocupação e aguarda apoio da FUNAI
O chefe da ocupação, identificado como Idaguas, afirmou que o grupo já entrou em contato com o Ministério Público Federal (MPF), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e outros órgãos competentes para intermediar a situação.
— "Essa terra pertence à União. Quem disser que não, que prove na Justiça. Nós estamos adquirindo o que é nosso por direito", declarou o líder indígena.
Ele também ressaltou que a comunidade não recebeu apoio suficiente do poder público e que a única alternativa foi ocupar a área.
— "Chegamos ao ponto de resolver fazer essa ocupação para que a Justiça nos dê nossos direitos. A FUNAI precisa intervir e garantir a nossa assistência", reforçou.
Divergências sobre a posse da terra
A ocupação da Santa Amélia gerou discussões entre moradores e políticos locais. Enquanto os indígenas afirmam que a terra pertence à União e que o governo federal precisa negociar a permanência deles no local, proprietários da fazenda contestam essa versão e alegam que a área é privada.
De acordo com relatos de funcionários da fazenda, os indígenas chegaram ao local já preparados para permanecer por tempo indeterminado, levando ferramentas como enxadas, facões e materiais religiosos utilizados nos rituais de ocupação.
— "Nós trouxemos tudo que precisamos para manter nossa cultura e tradição aqui. Nossa intenção é estabelecer uma base para viver como indígenas e garantir um território para o nosso povo", explicou Robelânia, uma das líderes do grupo.
Situação ainda indefinida e expectativa por negociações
As autoridades ainda não definiram como será conduzida a situação. A Prefeitura de Penedo já foi acionada para se pronunciar sobre o caso, mas até o momento não há uma decisão sobre a permanência ou remoção dos indígenas.
A Polícia Militar acompanha a movimentação na área, enquanto representantes do governo federal devem chegar ao município para avaliar a legitimidade da ocupação.
A disputa pela terra da Fazenda Santa Amélia é mais um capítulo das tensões envolvendo territórios indígenas em Alagoas, em meio a processos de demarcação e tentativas de ocupação. O desfecho agora dependerá da atuação da FUNAI e das negociações entre as partes envolvidas.

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