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A guerra da orla

Há alguns anos em Maceió, houve uma grande disputa, verdadeira guerra devido à ocupação da orla em frente aos hotéis da Pajuçara.
As jovens de programa (hoje chamam de JOB) tomaram conta do calçadão em frente aos hotéis da belíssima praia de Pajuçara, fazendo a alegria de turistas e nativos. O ponto era tão bom que os travestis invadiram uma fatia da calçada, dividindo o espaço com as prostitutas. Foi a gota d'água para que os hoteleiros da orla tentassem proibir o “trottoir” em frente a seus estabelecimentos, alegando que a indecência provocava o afastando turistas. As mariposas do amor rebateram com propriedade, os turistas achavam ótimo ter as jovens perto, às suas mãos; o que afastavam turistas eram travestis, a invasão bárbara dessas bichas invadindo seus pontos de faturamento. Alegou uma líder.
Os travestis contestaram, alegando terem os mesmos direitos das prostitutas. Aliás, se diziam também mulheres, assim exigiam serem tratados. Por conta do desentendimento foi deflagrada a “Guerra da Orla.” Geralmente uma guerra divide duas partes, a “Guerra da Orla” dividiu três partes antagônicas, brigando entre si: prostitutas, travestis e hoteleiros.
Toda noite havia confusão entre as raparigas e os travestis, os hoteleiros chamavam a polícia. Tapas entre raparigas e travecos. Os jornais fizeram matéria e alarde sobre a guerra noturna nas calçadas da Pajuçara.
Jaciara, líder dos travestis, parecia ser mulher, nariz afilado, lábios carnudos, saia justa escondendo a identidade sexual, foi queixar-se no PROCOM e no Departamento de Direitos Humanos, procurando o direito dos travestis trabalharem na orla. A guerra caminhava para consequências graves.
Depois de ouvir os lados, a autoridade competente convocou uma reunião entre as partes conflitantes, o interesse maior era o restabelecimento da paz.
A reunião da Comissão de Paz foi realizada na Secretaria de Segurança, com a participação da Polícia Militar, OAB, Direitos Humanos, Câmara de Vereadores, Prefeitura, hoteleiros, e uma comissão das quengas e outra dos travestis.
Reunião iniciada, palavra aberta aos presentes, cada representante deu sua versão. O que mais incomodava às prostitutas era a ocupação de seus pontos pelos travecos, eles (ou elas) se achavam com direitos iguais às mulheres. Os hoteleiros exigiam todas as tribos longe de seus hotéis. Depois de mais de três horas de debates, fala de advogados, pedidos de políticos, muita pressão de simpatizantes, ficou determinada uma divisão de área, um loteamento para o trottoir noturno.
Daquele dia em diante os travestis ocupariam seus pontos na Avenida da Paz, as prostitutas permaneceriam na Pajuçara, no início do calçadão perto do estacionamento que serve à noite para namoro, até economizando pagamento de motel.
Houve reação dos travestis, exigiram a construção de um estacionamento na Avenida da Paz destinado ao amor igual ao da praia da Pajuçara. Jaciara, líder dos travestis, em seu discurso final aceitou as determinações do Conselho de Paz, entretanto, fez uma reivindicação.
“- Como é para o bem de todas, pela paz, nós ficaremos na Avenida da Paz. Pedimos apenas que a Prefeitura de Maceió mande construir um estacionamento no calçadão da Avenida da Paz. Nem todos podem pagar motel. Faz-se necessário esse equipamento urbano, a construção de um local de trabalho, queremos apenas um estacionamento para namorar na Avenida igual ao da Pajuçara.” Finalizou o traveco.
Embora não tenha sido atendida a reivindicação dos travestis, as partes têm obedecido às cotas dos locais determinados.
Recentemente as meninas do trottoir nas imediações do CRB procuraram um conhecido vereador solicitando que coloquem interruptores para apagar algumas lâmpadas nos arredores do estacionamento, pois na belíssima reurbanização da orla da Pajuçara, as noites foram contempladas com um banho de iluminação, inclusive no estacionamento, local de trabalho das mariposas, como bem definiu Jaciara. Essa iluminação vem atrapalhando os serviços prestados pelas jovens, os clientes têm acanhamento ou receio de serem identificados.
Como o pedido da colocação do interruptores não foi atendido, quatro lâmpadas modernas foram foram quebradas por pedras anônimas.

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