Cidades
Prefeitura de Palmeira tenta suspender obras que ela mesma autorizou após destruição da cidade
Seis meses de silêncio, mais de 70% das ruas destruídas, e só agora a prefeita decide agir. O que mudou?

A Prefeitura de Palmeira dos Índios anunciou que irá suspender, a partir desta segunda-feira (30), por tempo indeterminado, o alvará que autoriza a continuidade das obras de saneamento básico realizadas pela empresa Águas do Sertão no município. A justificativa oficial é a má execução dos serviços: valas abertas de forma irregular, recomposição precária do pavimento, ausência de sinalização adequada e riscos à mobilidade urbana.
No entanto, a decisão levanta questionamentos inevitáveis: por que só agora? Após seis meses de gestão e com mais de 70% das ruas da cidade já danificadas, a prefeita Tia Júlia decide agir justamente quando a pressão popular atinge o auge. Para muitos, trata-se de uma resposta tardia — e conveniente — às críticas que se acumulam nas redes sociais e nas rodas de conversa da cidade.
Reação, e não ação
A Prefeitura afirma que tentou, ao longo dos últimos meses, dialogar com a empresa responsável pelas obras. Segundo a gestão, foi proposto inclusive um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), com base na Lei Municipal nº 2.164/2017, exigindo correções nas falhas apontadas. A proposta incluía melhorias na sinalização, na qualidade da recomposição asfáltica e respeito aos padrões técnicos. Sem resposta da concessionária, a Prefeitura decidiu pela suspensão do alvará até o fim do período chuvoso.
Mas o que chama atenção é o tempo de tolerância da gestão com a empresa. Durante todo esse período, ruas e avenidas foram destruídas, bairros isolados por lama e buracos, e o caos urbano se agravou a cada novo trecho aberto — sempre sem a devida recomposição. E nenhuma atitude firme foi tomada até agora.
Conflito familiar e institucional
Outro ponto controverso está na origem das obras: quem autorizou a execução do contrato foi o ex-prefeito Júlio Cezar, sobrinho da atual prefeita. Ou seja, a autorização partiu da mesma base política que hoje tenta, publicamente, se descolar da responsabilidade pelos estragos causados. É como se a atual gestão estivesse tentando limpar a própria sujeira política com um pano de conveniência.
Se a Prefeitura realmente desejasse proteger o interesse público, teria atuado desde o primeiro sinal de irregularidade. Teria exigido a imediata correção dos danos e imposto medidas severas contra a concessionária. Ao adotar uma postura passiva e permissiva, permitiu que o estrago se alastrasse.
Agora, ao acionar o Ministério Público, Defensoria Pública, OAB e Câmara de Vereadores, e anunciar eventuais multas e ações judiciais, a gestão tenta se apresentar como guardiã da cidade — quando, na verdade, já deveria estar respondendo por omissão administrativa.
A cidade já foi ferida. O povo, não mais enganado.
A suspensão parcial das obras pode ser necessária, mas está longe de ser suficiente. O que a população espera agora é uma reparação concreta, com cronograma público, responsabilidade assumida e, acima de tudo, coerência administrativa. Parar a obra depois que a cidade está destruída, com base num contrato firmado por aliados próximos, é mais uma manobra política do que uma medida técnica.
E quem paga, como sempre, é o povo que pisa nos buracos todos os dias.
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