O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse estar disposto a negociar com seu colega dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a questão tarifária, mas alertou que o aumento das taxas pode chegar ao "infinito".

"Nós queremos negociar, e o que nós queremos é que sejam respeitadas as decisões brasileiras. Se ele ficar brincando de taxação, vai ser infinita. Nós vamos chegar a milhões e milhões de milhões por cento de taxa. O que o Brasil não aceita é intromissão nas coisas do Brasil", declarou o petista em entrevista ao "Jornal Nacional", da TV Globo.

O mandatário acrescentou que vai conversar com os empresários afetados pelo aumento de barreiras, "sobretudo aqueles que têm maior volume de exportação", como os dos setores de suco de laranja, aço e aviação, "para ver qual é a situação deles".

"Nós vamos tentar fazer todo o processo de negociação que for possível. O Brasil gosta de negociar, o Brasil não gosta de contencioso. E depois que se esgotarem as negociações, o Brasil vai aplicar a Lei da Reciprocidade", declarou Lula.

A decisão de Trump, que entra em vigor em 1º de agosto, pode ter um impacto forte nas exportações brasileiras, segundo alertou a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os Estados Unidos são o segundo parceiro comercial do Brasil, com mais de US$ 80 bilhões em comércio bilateral em 2024.

Frente a essa situação, Lula disse na entrevista que vai trabalhar para conquistar novos mercados. "Nós vamos criar uma comissão de negociação juntando empresários e o governo. Vamos ver quais são as decisões, quem é afetado, como a gente pode procurar novos mercados. E eu mesmo vou procurar novos mercados para os produtos brasileiros", assegurou.