Enquanto a população de Palmeira dos Índios enfrenta uma das maiores crises urbanas e sanitárias dos últimos anos, a Prefeitura intensifica os preparativos para o Festival de Inverno 2025 — evento previsto para agosto, com promessas de atrações nacionais e estrutura milionária. Nos bastidores e nas redes sociais oficiais do evento, internautas especulam que o cantor Wesley Safadão será o grande nome da edição.

O anúncio da “atração surpresa” vem em meio ao caos urbano deixado pelas obras de saneamento da Águas do Sertão, empresa controlada pela CONASA. As intervenções, autorizadas durante a gestão do ex-prefeito Júlio Cezar, resultaram na destruição de ruas e calçadas, deixando bairros inteiros intransitáveis. A atual prefeita, Luísa Júlia Duarte — sobrinha do ex-gestor — assumiu o mandato sem apresentar até agora um plano eficaz de reparo e reposição dos trechos afetados.

Além dos buracos e da poeira que invadem as casas dos moradores, outro drama assombra o cotidiano da cidade: o colapso na saúde pública. Denúncias apontam que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Palmeira dos Índios tem enfrentado sérias dificuldades na regulação de pacientes para centros hospitalares de maior complexidade. Há relatos de internações prolongadas em macas improvisadas, ausência de leitos e, pior, mortes evitáveis por falta de transferência.

“É inaceitável que vidas estejam sendo perdidas enquanto a Prefeitura prioriza shows e eventos grandiosos. Os recursos deveriam ser direcionados para tapar os buracos da cidade e para salvar vidas na UPA”, afirmou um morador do bairro São Francisco, onde a buraqueira se tornou permanente.

O contraste entre a situação crítica da cidade e o entusiasmo nas redes sociais da gestão municipal com o Festival de Inverno tem gerado forte repercussão. “A população está com lama até os joelhos, sem atendimento na saúde, mas o que se promove é festa”, comentou um internauta em publicação do Instagram oficial do evento.

Até o momento, a Prefeitura não confirmou oficialmente a presença de Wesley Safadão, mas o “mistério” tem sido usado como peça de marketing para movimentar o evento.

Enquanto isso, buracos se multiplicam, a fila de espera na UPA cresce, e a população assiste — entre indignação e resignação — ao descompasso entre a realidade das ruas e as prioridades da gestão municipal.