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Sem rede de apoio, adolescentes egressos de serviços de acolhimento vivem a maioridade em vulnerabilidade

Projeto “Jovem em Movimento” atua para transformar essa realidade com ações práticas e defesa de políticas públicas que garantam o direito à autonomia e à inclusão

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO – GRUPO ACONCHEGO 21/07/2025
Sem rede de apoio, adolescentes egressos de serviços de acolhimento vivem a maioridade em vulnerabilidade

Ao completarem 18 anos, adolescentes que cresceram em serviços de acolhimento institucional precisam deixar esses serviços e assumir a vida adulta sem, muitas vezes, contar com qualquer tipo de rede de apoio. Sem vínculos familiares retomados, com baixa escolaridade, defasagem no mercado de trabalho e pouca experiência em tarefas cotidianas, esses jovens podem enfrentar um desligamento abrupto. O projeto Jovem em Movimento, promovido pelo Grupo Aconchego em parceria com MDHC (Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania) e a SNDCA (Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente), com o apoio do Conanda — Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, foi criado justamente para preencher esse vazio, oferecendo um modelo de transição baseado na escuta ativa, construção de vínculos e acompanhamento técnico continuado.

A iniciativa é coordenada pela psicóloga Maria da Penha Oliveira, do Grupo Aconchego, que destaca que os impactos da ausência de suporte nesta etapa são profundos e duradouros. “A falta de políticas estruturadas leva muitos jovens à informalidade, subempregos, depressão, isolamento ou até mesmo à judicialização. Poucos programas públicos oferecem alternativas consistentes de moradia, renda ou qualificação profissional que ultrapassem seis meses após o desligamento”, alerta Maria da Penha. Segundo ela, um dos principais diferenciais do projeto é justamente propor um plano de transição realista, com oficinas, mentorias, suporte psicológico e um aplicativo de apoio que orienta os jovens em tarefas práticas e burocráticas da vida adulta.

Além do suporte direto aos adolescentes, o projeto propõe a formulação de políticas públicas. A ideia é apresentar um fluxo intersetorial de atuação entre as áreas de saúde, educação, trabalho, moradia e assistência social, promovendo um modelo replicável em outros territórios. “Queremos que essa etapa da vida dos jovens seja reconhecida como responsabilidade do Estado. Não é possível que o acolhimento se encerre sem garantir os meios mínimos para que esse jovem construa sua autonomia com dignidade. Criar programas de acompanhamento pós-desligamento e integrar os serviços públicos é garantir um direito e não apenas uma ajuda pontual”, reforça a coordenadora.

O Projeto Jovem em Movimento tem como base fundamental a escuta ativa de adolescentes acolhidos e jovens egressos, que participarão de rodas de conversa, oficinas e entrevistas ao longo da construção do fluxo de atendimento. Essa escuta qualificada permitirá compreender dores, medos e expectativas que, muitas vezes, não são visíveis para quem está fora desse processo. Quando o jovem é apoiado na elaboração do seu projeto de vida, no conhecimento de seus direitos e no desenvolvimento de habilidades socioemocionais, aumentam significativamente suas chances de concluir os estudos, acessar o mercado de trabalho formal e estabelecer vínculos afetivos duradouros. conclui Maria da Penha. Com previsão de execução nos próximos meses, o projeto pretende fortalecer o debate público sobre essa etapa pouco visível, mas decisiva, na trajetória de tantos jovens brasileiros.





Sobre o Grupo Aconchego – O Aconchego é uma entidade civil, sem fins lucrativos, fundada em dezembro de 1997, que trabalha em prol da convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes em acolhimento familiar e institucional.

Filiado à Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção – ANGAAD, e membro do Movimento Nacional Pró Convivência Familiar e Comunitária – MNPCFC, o Aconchego é reconhecido como referência em Brasília e conta com grande projeção nacional na criação de tecnologias sociais com vistas à garantia do direito das crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária, por meio de ações de intervenção com potencial para a transformação social e cultural.