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MST leva a pauta da Reforma Agrária na centralidade da soberania nacional

Com 26 mobilizações nacionais, cerca de 17 mil Sem Terras se mobilizaram para reivindicar políticas públicas para assentamentos, produção de alimentos e educação no campo

Assessoria 23/07/2025
MST leva a pauta da Reforma Agrária na centralidade da soberania nacional

Ao longo da Jornada de Lutas da Semana Camponesa, realizada em virtude do Dia Internacional da Agricultura Familiar, instituído no dia 25 de julho, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou mobilização nacional com cerca de 17 mil militantes Sem Terra, presentes em 22 capitais do país, reivindicando direitos com o lema “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!”


As primeiras mobilizações ocorreram a partir deste domingo (20), e se intensificaram ao longo desta semana com marchas, atos, audiências, ocupação de terra e mobilizações em banco, prefeitura, secretarias ligadas ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Superintendências de Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) dos estados.


Junto à mobilização nacional, o Movimento lançou uma carta manifesto no início da semana, reivindicando celeridade no assentamento de 65 mil famílias que estão acampadas há décadas à espera da Reforma Agrária. Atualmente, das 122 mil famílias acampadas cadastradas pelo Incra, cerca de 100 mil são organizadas pelo MST.


Entre os temas principais estão a democratização da terra e criação de novos assentamentos; acesso à moradia e crédito para a produção de alimentos da agricultura familiar; avanço na educação do campo; e Reforma Agrária como política fundamental na defesa da soberania nacional.


Diálogo com o Governo Federal



Além das mobilizações nos estados, o Movimento reuniu uma comissão de dirigentes para negociar as pautas colocadas em nível nacional, em diálogo com autoridades da gestão federal em Brasília (DF).


Nesta segunda-feira (21), houve reuniões de dirigentes com a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, sobre o avanço de políticas públicas para promover os direitos das trabalhadoras do campo. Na terça-feira (22), representantes do Movimento também se reuniram com o ministro Camilo Santana para dialogar sobre o fortalecimento do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA).


Já na manhã desta quarta-feira (23), aconteceu uma reunião com o presidente Lula sobre os desafios da Reforma Agrária na atual gestão. Ainda na tarde desta quarta, acontece reunião da comissão com integrantes do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU).


Logo após a reunião com o presidente, Ceres Hadich e João Paulo Rodrigues, ambos da direção nacional do MST, manifestaram que Lula se comprometeu com parte das reivindicações. Segundo os dirigentes a avaliação é positiva.


"Além da agenda da Reforma Agrária, discutimos também os outros temas que envolvem a conjuntura brasileira, em especial, esse enfrentamento que o Brasil vai ter que fazer com os Estados Unidos no próximo período, os processos de mobilização do conjunto da classe trabalhadora. Ou seja, saímos animados da reunião com o presidente Lula, e claro, com o compromisso de atender parte da pauta de reivindicação do nosso Movimento que está em mobilização em defesa da Reforma Agrária". - afirmou João Paulo.


Ceres destacou que no primeiro bloco de pautas com o presidente, foi debatido o fortalecimento do Brasil com o bloco de países que tem uma aliança em torno da soberania dos povos: “E dentro disso também a gente foi tratando temas que dialogam com a pauta da reforma agrária, que obviamente é uma pauta que não está desconectada desse contexto geral de luta por soberania.”


Em um segundo bloco, foram debatidos os temas nacionais pertinentes às reivindicações do Movimento. “A gente trouxe novamente os temas da terra, o teto, o crédito e a educação, que são os temas centrais da nossa semana camponesa e estão sendo tratados nos estados também junto aos governos estaduais, os INCRAs e do MDA nos estados. [...] Então, essa pauta foi o objeto do nosso diálogo e da reafirmação dos compromissos do presidente, e mais do que tudo com a reforma agrária e com a soberania nacional.” - cita Ceres.


Entre as medidas dialogadas, foram indicadas a urgência de um plano para o assentamento das 65 mil famílias acampadas há mais de 20, 30 anos no país; e um plano para o assentamento das 120 mil famílias cadastradas pelo INCRA, uma recomposição orçamentária para garantir os cursos do PRONERA que estão em andamento, e os que estão aprovados; além de medidas para facilitar o acesso ao crédito e ao desenvolvimento das famílias assentadas, para o desenvolvimento das cooperativas e para a produção de mais alimentos saudáveis para a soberania nacional; bem como, o fortalecimento da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e dos programas institucionais de compras da agricultura familiar.