Geral
Projeções artísticas questionam a falta de preservação do patrimônio em Vargem Grande do Sul
Curta-metragem “Vila Polar” dialoga com o que foi apagado fisicamente e o que ainda pode ser resgatado simbolicamente

”As demolições recentes de casarões e armazéns históricos em Vargem Grande do Sul reacenderam o debate sobre a preservação do patrimônio cultural da cidade. Como resposta simbólica a esse apagamento, o filme Vila Polar, do diretor Paulo Tothy, propõe intervenções artísticas em locais abandonados ou em ruínas, utilizando a projeção de imagens, vídeos e textos para reativar memórias e provocar reflexão coletiva.
Gravado na vila que leva o mesmo nome e em outros pontos do centro da cidade, a ficção retrata o cotidiano simples e ameaçado de um território pacato que se vê ameaçado por mensagens ocultas avanço da descaracterização e dos . transforma fachadas desgastadas, muros esquecidos e terrenos baldios em superfícies para experiências visuais efêmeras. Uma das ações de destaque foi a utilização da Bazuca Poética, artefato que projeta imagens e palavras em tempo real. A proposta busca estabelecer um diálogo entre o que foi apagado fisicamente e o que ainda pode ser resgatado simbolicamente.
“A ideia da projeção tem essa característica de ser efêmera, de existir apenas no momento em que o corpo está ali acionando o dispositivo. Depois, ela só sobrevive nos registros. Mas mesmo assim, é uma camada histórica, que transforma lugares pouco visíveis em espaços de escuta e homenagem”, explica a artista responsável pela Bazuca Poética. “É uma forma sutil, mas potente, de comunicar e fazer pensar sobre as transformações da cidade e sobre o valor da memória coletiva.”
Com apoio de artistas locais e moradores, a produção também conta com a participação do ator e professor Leandro José, que interpreta um carteiro — símbolo do deslocamento e da observação cotidiana. “Esse lugar foi minha casa durante décadas. Me ajudou a recuperar memórias perdidas por um trauma muito grande. Estar ali, agora como parte de uma ação artística, me fez entender que preservar o patrimônio é preservar também a nós mesmos”, afirma.
A arquiteta e diretora de arte Elisa Sbardelini, natural de Casa Branca, destaca o contraste regional: “Enquanto cidades vizinhas conseguiram preservar parte significativa de seus patrimônios, em Vargem seguimos apagando camadas importantes da nossa história. É curioso como evitamos tocar nesses temas, mesmo sendo os mesmos que nos emocionam quando os vemos preservados em outros contextos.”
Para o diretor Paulo Tothy, as intervenções poéticas foram uma forma de escuta ativa e ressignificação dos espaços: “Quando o patrimônio deixa de ser funcional, ele corre o risco de se tornar apenas um vazio. A arte vem como tentativa de reativar essas presenças e criar novos significados. Vila Polar é também uma forma de perguntar: o que estamos deixando ruir sem perceber?
SERVIÇO

Lançamento do curta-metragem “Vila Polar”

25 de julho de 2025

19h30

Espaço Mais Cultura — R. João Malaguti, 385, Jd. Novo Mundo — Vargem Grande do Sul (SP)

Entrada gratuita
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