Alagoas
IML de Maceió transforma rotina forense em aula prática para futuros médicos e juristas

O Instituto Médico Legal (IML) de Maceió consolidou-se como um espaço de aprendizado que transcende a perícia forense. Integrante da Polícia Científica de Alagoas (PolCAL), a unidade tem uma longa história de colaboração com universidades do estado, recebendo estudantes de Medicina e Direito para atividades práticas, visitas técnicas e projetos de extensão.
A trajetória do Serviço Médico-Legal em Alagoas remonta à década de 1930. Naquela época, as necropsias eram realizadas de forma improvisada em instituições de caridade, como o Hospital São Vicente de Paulo (Santa Casa de Misericórdia), na sede do Instituto de Identificação e até mesmo em residências e em cidades do interior.
A relação entre o órgão pericial e o meio acadêmico começou a se fortalecer em 1951, quando a unidade foi instalada na Faculdade de Medicina de Alagoas. O próprio nome do instituto, Estácio de Lima, uma homenagem ao professor emérito das Faculdades de Medicina e Direito da Universidade Federal da Bahia, evidencia essa conexão.
Nesse período, médicos legistas como Luiz Duda Calado, José Lages Filho, Maria Luiza Duarte, Gerson Odilon e Diogo Nilo tornaram-se professores de referência, participando da formação de grandes nomes da advocacia e da medicina alagoana. Alguns desses alunos, inspirados pelos mestres, seguiram carreira na perícia médico-legal.
Criação do Centro de Estudos
Com a inauguração de sua nova e moderna sede em 2018, no bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió, o Instituto de Medicina Legal Estácio de Lima reafirmou sua dedicação ao ensino. Equipado com auditório e salas para universitários, o IML se tornará oficialmente um campo de prática e pesquisa multidisciplinar, com a criação de um Centro de Estudos.
Para os estudantes de Medicina, a experiência pode ser decisiva na escolha de especializações e na compreensão das dimensões legais e éticas da vida e da morte e para os alunos de Direito, o contato com a perícia técnica amplia o entendimento sobre os laudos médico-legais, essenciais para decisões judiciais em casos cíveis e criminais.
A iniciativa reforça a importância da vivência prática para a formação de profissionais mais éticos, técnicos e críticos. No IML, os estudantes têm contato direto com a realidade da medicina legal, uma área que conecta saúde, direito e justiça em questões complexas, muitas vezes pouco exploradas na graduação.
“Como professor universitário entendo a importância desse campo de treinamento para formação. Aqui no IML, sempre estivemos abertos aos acadêmicos, mas agora estamos formalizando essa parceria dentro das normas. Os membros da Liga de Medicina Legal terão um espaço dedicado para atividades teóricas e práticas", explicou Luiz Mansur, perito médico legista, chefe administrativo do IML da capital.
A perita médica legista Fabiana Gonzales, que foi professora efetiva do curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), é uma das articuladoras do projeto para criação do Centro de estudos do IML. Ela explicou que a proposta surgiu de sua experiência acadêmica aliada ao cotidiano no serviço público.
"Quando troquei à docência pela vaga de médica legista, percebi que o IML já realizava ações de ensino, mas de forma pontual. Vi um enorme potencial para transformar o instituto em um espaço mais ativo de aprendizado e pesquisa”, explica a médica.
Gonzales destaca ainda que no IML, as equipes lidam diariamente com questões humanas que envolvem não só técnica, mas também aspectos sociais, éticos e legais. Para ela, isso oferece um campo riquíssimo para a formação dos alunos, uma chance de vivenciar uma área essencial da Medicina que, muitas vezes, ainda é pouco explorada durante a faculdade
"Já formei um grupo de pesquisa com alunos de uma liga acadêmica de Medicina para levantar perfis estatísticos das perícias em vivos e mortos. Esse mapeamento pode subsidiar políticas públicas nas áreas da saúde, segurança e justiça social, enriquecendo, portanto, a formação dos alunos e ampliando a atuação do Instituto Médico Legal como espaço de construção do conhecimento e de contribuição cidadã", afirmou a perita médica legista.
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